Imagens de câmeras de segurança mostram Danielle Mendes Xavier de Brito Monteiro, a servidora pública de 44 anos que morreu após um procedimento estético em Goiânia (GO), chegando até a clínica e, posteriormente, sendo retirada do local em uma maca por socorristas.
No vídeo, Danielle aparece caminhando pelo corredor de acesso à clínica, com o celular na mão e um semblante tranquilo. Ela olha para os lados antes de entrar no estabelecimento, onde realizaria o procedimento de aplicação de hialuronidase na região abaixo dos olhos, realizado pela biomédica e enfermeira Quésia Rodrigues.
As câmeras de segurança também registraram o momento em que Danielle é retirada da clínica em uma maca, carregada por cinco socorristas do Corpo de Bombeiros e do Samu. Danielle faleceu no hospital um dia após o procedimento. Veja abaixo:
A investigação da Polícia Civil de Goiás concluiu que a causa da morte foi um choque anafilático, e apurou que a clínica não possuía os equipamentos e medicamentos necessários para atender emergências como essa, incluindo adrenalina, desfibrilador e ambulância.
Além disso, a clínica utilizava medicamentos sem registro da ANVISA, e as imagens do circuito interno de segurança foram destruídas por Quésia e seu marido, numa tentativa de obstruir a investigação.
Diante disso, Quésia foi indiciada por homicídio com dolo eventual e fraude processual qualificada, e segue presa preventivamente.
A CNN entrou em contato com a defesa da clínica e aguarda posicionamento.
Relembre o caso
Danielle teve uma parada cardiorrespiratória no local e, apesar de socorrida pelo SAMU e encaminhada ao Hospital de Urgências de Goiás (HUGO), morreu na noite de 1º de dezembro do ano passado, por morte cerebral, em razão do procedimento que realizou com a profissional.
Após a morte de Danielle, a dona da clínica de estética – que se apresenta como biomédica e enfermeira – foi presa, em 2 de dezembro do ano passado, no Setor Parque Lozandes, bairro localizado na região sul de Goiânia (GO).
Ao serem acionados, a equipe policial foi ao estabelecimento para acompanhar a perícia e a fiscalização da Vigilância Sanitária, quando foram encontradas diversas irregularidades no local, dentre elas:
- Produtos sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa);
- Produtos vencidos;
- Anestésicos de uso hospitalar;
- Materiais cirúrgicos não esterilizados, entre outros problemas que resultaram na interdição total da clínica.
Segundo a polícia, a dona da clínica foi presa em flagrante pelos crimes de vender serviço ou mercadoria impróprios ao consumo, executar serviço de alto risco sem autorização legal e exercício ilegal da medicina.
Anteriormente procurada, a defesa da dona da clínica afirmou que a dona do estabelecimento tem habilitação para realizar os procedimentos e possui formação acadêmica em Biomedicina e Enfermagem.
"A clínica, no período em que realizou todos os atendimentos em suas clientes, estava devidamente regular, possuindo autorização de funcionamento bem como alvará da vigilância sanitária", ressaltaram José Patrício Junior e Antonio Celedonio Neto, advogados que respondem pela defesa da empresária.
Já com relação aos medicamentos utilizados nas pacientes do local, a defesa afirmou que todos possuem autorização para serem comercializados e são adquiridos por meio de empresas que possuem autorização para fabricação, com emissão de nota fiscal e recolhimento de imposto.
No ano passado a Polícia Civil de Goiás afirmou que a provável causa da morte de Danielle foi uma reação alérgica aguda após a aplicação de um produto não autorizado pela Anvisa.
A substância utilizada, hialuronidase, foi feita em uma farmácia de manipulação, o que aumenta o risco de contaminação e efeitos adversos graves, já que não passa pelo controle de qualidade da Anvisa.
A irmã de Danielle relatou que a vítima informou à médica que era asmática e que a profissional recomendou um teste de alergia.
CNN Brasil