O novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu na campanha e alguns dias depois da posse anunciou tarifas de importação, valendo a parte desta terça (4), de 25% para o México e o Canadá e de 10% para a China.
"Ele ficou sinalizando e os mercados pensaram que ele ia de forma mais devagar (com a questão de aplicação de tarifas de importação). Mas acabou fazendo de uma vez", disse Caio Megale, economista-chefe da XP, que comandou o programa Morning Call da XP nesta segunda (3). Ele afirmou que o cenário econômico global mudou radicalmente neste final de semana.
Núcleo de inflação sobe
De acordo com o economista, a partir de contas preliminares feitas pela equipe da XP com correlações históricas, as tarifas anunciadas pelo governo americano podem representar efeito no núcleo de inflação nos Estados Unidos em 0,7 ponto percentual (pp).
"Se a inflação (nos EUA) estiver correndo entre 2% e 2,5%, ela vai para perto de 3,5%", ressaltou. "A inflação dos Estados Unidos, que já não estava perto da meta, fica ainda mais distante da meta, com essa decisão de taxar os produtos importados", explicou.
Caio Megale disse que o Federal Reserve (Fed; o banco central dos Estados Unidos), que já vinha sinalizando pouco espaço para cortes de juros, deve diminuir ainda mais essa condição.
"Embora na semana passado o presidente Jerome Powell (do Fed) tenha sinalizado que ainda pensava em corte de juros no futuro, com esse aumento de tarifa (de importação) bastante agressivo, a inflação deve ficar ainda mais alta, o que diminui mais a chance do Federal Reserve cortar a taxa", comentou.
Aumento dos juros nos EUA?
Segundo Megalel, a XP já tinha tirado no cenário base novos cortes de juros nos EUA e essa decisão reforça a previsão.
"Ainda não é o caso de aumento de juros. A inflação corre mais alta, mas a economia está desacelerando e lá na frente a inflação pode voltar a cair, mas a gente acha que de fato o Fed não corta mais os juros", disse.
Ele ainda falou do impacto no PIB americano com o aumento das tarifas anunciadas neste final de semana. "As estimativas apontam uma queda de 0,2% a 0,3% (do PIB) por ano nos Estados Unidos se as tarifas se perpetuarem", afirmou. "Mas os impactos no México e Canadá são muito maiores", completou.
As exportações do México representam cerca de 40% do PIB e aproximadamente 80% delas vão para os Estados Unidos. "Já os números do Canadá são bem parecidos (com o México). 35% do PIB e quase 80% disso vão para os Estados Unidos", explicou.
Megale disse ainda que no Brasil, as exportações representam 15% do PIB e só 15% delas vão para os Estados Unidos.
SIte da InfoMoney