"Olhando a indústria do mercado de capitais acho que a gente tem empresas bem posicionadas", diz Fayga Delbem, head de crédito core da Itaú Asset. Mas ela lembra que observando a economia como um todo, há vários indicadores mostrando aumento de recuperação judicial, mais concentrado em empresas menores e com mais dificuldade de acesso ao crédito.
"Quando analisamos o mercado de capitais observamos que estamos num momento melhor, porque há empresas que fizeram o seu dever de casa", afirma, em relação ao universo de empresas high grades (notas de crédito mais elevadas).
Nesse sentido, ela vê mais riscos de recuperação judicial nos casos das empresas high yelds (rendimento elevados), que contam com menor participação nos fundos de crédito privado, e no middle market (empresas de médio porte).
Relação direta
"Taxa de juros mais altos aumenta a despesa financeira. Quando a empresa paga mais juros, pressiona o fluxo de caixa. Isso é uma relação direta", ressalta a gestora, que participou do episódio 269 do programa Stock Pickers, com apresentação de Lucas Collazo e Henrique Esteter.
A Itaú Asset é a maior gestora de crédito do Brasil, com portfólio de cerca de R$ 450 bilhões.
"Só que a gente tem um ponto de partida, já que empresas que fizeram seu dever de casa conseguiram balanços muito líquidos e dívidas alongadas (em 2024). Pouquíssimas são as empresas que precisam acessar mercado de capitais em 2025 para rolar suas dívidas", destaca.
Não é novidade
"Não é a primeira vez que o Brasil está navegando numa taxa de juros mais alta. E as empresas que estão aqui já passaram em grande parte por outros ciclos. Claro que cada ciclo tem um contexto, mas daí entra a importância na análise detalhada de como a empresa está posicionada hoje", afirma.
Mas Fayga reafirma que muitos passivos de companhias foram alongados, mantendo alta posição em caixa hoje.
SIte da InfoMoney