As redes sociais se tornaram uma grande plataforma de criação de conteúdo de vários nichos.
As redes sociais se tornaram uma grande plataforma de criação de conteúdo de vários nichos. Um dos grandes beneficiados foi o mundo da literatura, que viu nos aplicativos e na internet um local de conexão entre fãs e de debate sobre diversas obras. O BookTok, por exemplo, no TikTok, se tornou um dos principais assuntos de criação de conteúdo.
Um movimento que cresceu consideravelmente em meio a este boom da literatura nas redes sociais foi o de clubes do livro. A prática passou a viralizar cada vez mais nas redes sociais, seja por meio de influenciadores, que criam os clubes para se conectar com os seguidores, ou até mesmo usuários nas redes, que compartilham histórias dos clubes que criaram com amigos e familiares.
Para Maria Isabel Edom Pires, docente de literatura contemporânea na Universidade de Brasília (UnB), esse movimento de retorno dos clubes do livro foi impulsionado pela pandemia. "As pessoas estavam procurando coisas para fazer e a leitura foi uma delas. As pessoas estavam muito sós e isso foi uma forma delas se conectarem com outras", explica a especialista ao Metrópoles.
6 imagensObras que estão bombando para ler no seu clube do Livro
Arte/MetrópolesA empregada de Freida McFadden: Livro acompanha a história de Millie, uma mulher com um passado misterioso, que aceita um emprego na casa dos Winchester, uma família que esconde segredos sombrios.
DivulgaçãoA Hora da Estrela, de Clarice Lispector: Livro narra a história de Macabéa, uma mulher nordestina miserável, que mal tem consciência de existir, e sua vida após se mudar para o Rio de Janeiro.
DivulgaçãoAinda Estou Aqui de Marcelo Rubens Paiva: Livro acompanha a história da família Paiva antes e depois do desaparecimento do pai da família durante a ditadura militar
DivulgaçãoA Revolução dos Bichos de George Orwell: Livro acompanha a histórias de animais que se revoltam em uma granja contra os seus donos
DivulgaçãoA Biblioteca da Meia-Noite de Matt Haig: O livro acompanha Nora Seed, uma mulher que conquistou pouco na vida e que se vê arrependida das escolhas que fez. Porém, quando se vê na Biblioteca da Meia-Noite, ela ganha uma oportunidade única de viver todas as vidas que poderia ter vivido.
DivulgaçãoA ideia de aumentar a conexão foi um dos motivos para a estudante de medicina Maria Luísa Carvalho, de 26 anos, e a família criarem um clube do livro. Maria Luíza conta que sempre teve o hábito de ler bastante e que o grupo montado pela família tem o objetivo de ser um momento de descontração que vivem juntos.
"Acho que mais do que unir, nos faz sair da zona de conforto e conhecer novos livros, novos autores. No nosso clube, ficou combinado que cada um dá uma sugestão e sorteamos a próxima leitura. Então, muitas vezes, vamos ler livros que não necessariamente estão na nossa lista de leituras futuras. É bem legal conhecer novos autores, novos estilos também", contou.
A estudante revela também que vê muitos benefícios nos clubes do livro e que teve muitas experiências legais quando participou de clubes promovidos por outras pessoas. "Para quem entra em um clube de pessoas que não conhece, é uma oportunidade de conhecer novas pessoas, fazer amizades. Promover a leitura é sempre uma ótima ideia, poder fazer isso dentro de casa é um privilégio e é muito divertido, mesmo", destacou.
Essa troca de experiências é vista na prática pela professora Maria Isabel, que coordena um projeto de extensão na UnB de um grupo de leitura. Com o clube focado em pessoas com mais de 50 anos, ela percebe o quanto a experiência de encontro é positiva para essas pessoas.
"As pessoas se emocionam, gostam de estar juntas e você até se afasta das redes sociais. Você lê um livro e vai para discutir, vai para ouvir, vai para conversar sobre isso. Então vai muito além do livro", pontuou.
Para os usuários de redes sociais que gostam de consumir conteúdos literários, é comum aparecer publicações sobre clubes do livro. Sejam de pessoas que criaram um com amigos ou daquelas que seguem clubes de influenciadores.
Esse último é o caso de Bruna Picarelli, de 36 anos. Ela conta que entrou em um clube do livro pela primeira vez durante a pandemia e que a experiência a aproximou de obras que não conheceria sem o grupo.
"Sempre gostei muito de ler, mas não era muito assídua. Nunca tive um estilo de leitura e sempre pedia opinião a pessoas próximas ou via listas de livros mais vendidos para escolher o que ia ler. Entrar para um clube me fez ler livros que talvez não chegassem a mim e a criar uma rotina de leitura", detalhou.
Recentemente, Buna entrou em um clube de leitura que tem chamado a atenção nas redes sociais. Criado por Pedro Pacífico, conhecido pelo perfil Bookster, o clube chamado de Bookster pelo Mundo conta com uma parceria com a TAG Livros.
O projeto é realizado por meio de uma assinatura que garante o recebimento de 12 livros clássicos e contemporâneos de 12 países do mundo. O material foi escolhido pelo idealizador do projeto com o objetivo de conhecer a literatura de outros países.
Em entrevista ao Metrópoles, Pedro destaca que um dos diferenciais do clube criado por ele é a curadoria dos livros, que foge um pouco do que as pessoas estão acostumadas a ler. "A gente encontra obras que ia ser difícil de achar, ou que a gente não ia gostar e acaba se apaixonando, acaba abrindo muito o nosso repertório literário e amadurecendo como leitor", frisou.
Pedro Pacífico, o Bookster, encontrou salvação e libertação nos livros
Pedro frisa também que os clubes garantem uma experiência que vai além do terminar de ler um livro. "A leitura não termina na última página do livro. Ela continua com os conteúdos, as lives, os posts que eu faço para a gente conseguir ir além da nossa própria opinião, conhecer a opinião de outras pessoas, trocar com outros leitores."
Se engana quem pensa que os clubes dos livros hoje em dia funcionam apenas nas redes sociais. Os tradicionais encontros semanais e presenciais ocorrem com frequência para públicos de diferentes idades.
Em Brasília, por exemplo, a professora Maria Isabel destaca que a Universidade de Brasília conta com três projetos distintos:
A Biblioteca Nacional de Brasília também promove um clube do livro com encontros mensais. Aberto ao público, o primeiro encontro será em 29 de janeiro, às 18h30, com foco na discussão sobre Ainda Estou Aqui, escrito por Marcelo Rubens Paiva.
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