Após alguns anos de crescimento surpreendendo para cima, incluindo 2024, cujos dados saem nesta sexta-feira (7), o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve perder fôlego em 2025, em meio aos juros altos e endividamento elevado, impacto que será sentido em especial no segundo semestre.
Após alguns anos de crescimento surpreendendo para cima, incluindo 2024, cujos dados saem nesta sexta-feira (7), o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve perder fôlego em 2025, em meio aos juros altos e endividamento elevado, impacto que será sentido em especial no segundo semestre.
Em 2024, a economia cresceu bem mais do que o esperado, com os economistas iniciando o ano com projeção de alta de 1,59%, segundo o Boletim Focus, e encerrando 2024 com avanço de 3,5%. E, como nos anos anteriores, o crescimento foi estimulado por uma taxa de desemprego em mínimas históricas e benefícios sociais.
Neste início de ano, a expectativa é que o PIB crescerá 2%, e a maior parte dos bancos e corretoras acredita que a atividade econômica avançará mais no primeiro semestre do que no segundo, por dois motivos.
O primeiro é que o impacto total da elevação de juros, que já estão em 13,25% ao ano, mas devem chegar a 15% ou mais ao ano nos próximos meses, deverá ser sentido mais para a frente – a política monetária demora até 18 meses para fazer efeito.
O segundo é que a contribuição da agropecuária para o PIB, que deve ser a maior fonte de expansão de 2025, se concentra na primeira metade do ano. Segundo a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a estimativa é de recuperação forte, com alta de 9% no valor bruto de produção para a agricultura e de 9,2% para a pecuária.
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É por isso que economistas apontam que a atividade econômica só deve perder mais ritmo a partir de julho. O Itaú Unibanco, que estima alta de 3,6% em 2024 e projeta expansão de 2,2% para 2025, aponta que o seu indicador de atividade econômica, o IDAT-Atividade, mostrou resiliência em janeiro, com destaque para o setor de serviços.
"Os indicadores mensais mostraram uma atividade mais fraca nos meses de novembro e dezembro. Apesar disso, nossa expectativa é de uma aceleração da atividade na margem neste início de ano, impulsionada principalmente pelo PIB agropecuário e pelo ajuste do salário-mínimo", avalia o Itaú em relatório, fazendo referência ao reajuste do salário mínimo para R$1.518, uma elevação de R$106.
Na avaliação do Bradesco, o PIB de 2024 cresceu 3,4% em 2024. “No Brasil, o PIB do quarto trimestre de 2024 será divulgado na sexta-feira, 7 de março. Nossa expectativa é que o IBGE anuncie um crescimento do PIB de 3,4% em 2024.
“Em comparação com o terceiro trimestre de 2024, projetamos um crescimento de 0,2%, uma desaceleração significativa”, disse o banco em relatório. ” após três trimestres consecutivos de crescimento médio acima de 1%. “Apesar desse enfraquecimento da atividade econômica no final de 2024, esperamos que o PIB no início deste ano volte a acelerar, especialmente devido ao efeito positivo do setor agropecuário.”
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A XP Investimentos estima que o PIB tenha crescido 0,5% no quarto trimestre do ano e projeta alta de 3,5% para 2024 e de 2% para 2025. Na avaliação da casa, os sinais de desaceleração econômica estão ficando mais claros, mas não deve haver uma mudança drástica na atividade econômica.
"Prevemos que o PIB aumentará 2% em 2025. Setores menos sensíveis ao ciclo econômico – agropecuária e indústria extrativa – devem adicionar 0,6 ponto percentual ao crescimento geral do PIB. Nosso cenário prevê uma taxa de crescimento média de 0,3% trimestre a trimestre este ano, em comparação com quase 1,0% trimestre a trimestre no ano passado."
O Goldman Sachs avalia que a atividade econômica continuará a se beneficiar, nos próximos meses, do reajuste do mínimo e do pagamento do Bolsa Família, entre outros fatores, cenário que será contrabalanceado pelos juros altos.
"Esperamos que o ritmo da atividade real continue a se beneficiar do estímulo fiscal (transferências fiscais federais para famílias de baixa renda com alta propensão ao consumo), aumentos generosos no salário mínimo e crescimento sólido da renda disponível real das famílias, mitigado por condições monetárias domésticas mais apertadas, altos níveis de endividamento das famílias, baixos níveis de folga econômica e incerteza política persistente”, disse o banco em relatório.
Na avaliação do economista André Perfeito, a projeção do Boletim Focus, de alta de 2% neste ano, está superestimada. De acordo com ele, a expectativa de um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acima de 5% e Selic em 15% ao ano até o final do ano aponta para uma atividade econômica mais fraca.
"O que me chama atenção há algum tempo, e que venho alertando, é que as projeções para o PIB praticamente não se alteraram. Para 2025 as estimativas se mantêm acima de 2% e isto é um erro. O PIB deverá ser menor", avalia.
Para Perfeito, os modelos dos economistas não capturam uma atividade econômica mais fraca porque nos últimos anos a atividade sempre veio mais forte do que o esperado.
"Uma vez que os modelos dos economistas projetaram um PIB mais fraco em 23 e 24 e na verdade este foi muito mais forte, agora os modelos insistem que a atividade é mais forte por definição e ignoram solenemente que o futuro não repete o passado dessa forma", avalia.
O fato de a taxa de juros real (descontada a inflação) estar em 7%, aponta ele, terá um grande impacto negativo na economia brasileira.
"Mas não é só isso que conspira para uma atividade mais fraca. O elevado endividamento de famílias e empresas associado com uma taxa de juros em alta e atividade mais fraca na margem podem fazer implodir por dentro os balanços de famílias e empresas."
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