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Petróleo, dólar, bolsas: o que esperar dos mercados após ataque do Irã a Israel?

A escalada do conflito entre Irã e Israel no último sábado (13) trouxe uma dose extra de preocupação geopolítica aos mercados, que já vinham de dias difíceis com a perspectiva de juros americanos mais altos durante mais tempo.

Por Em Sergipe

14/04/2024 às 16:13:27 - Atualizado há

A escalada do conflito entre Irã e Israel no último sábado (13) trouxe uma dose extra de preocupação geopolítica aos mercados, que já vinham de dias difíceis com a perspectiva de juros americanos mais altos durante mais tempo. Agora, agentes calculam as possibilidades de uma resposta israelense, e como poderiam ser os efeitos sobre as bolsas, o dólar e o petróleo.

Em um primeiro momento, analistas viam uma nova fuga para ativos seguros, como títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries), ouro e dólar, juntamente com nova queda de ações. No entanto, as perspectivas amenizaram após Israel baixar a temperatura, e afirmar que não irá revidar imediatamente.

Por outro lado, é consenso que o preço do petróleo deverá ganhar mais prêmio de risco. “Imagino que a tensão segure o preço do petróleo em patamares maiores”, avalia Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. Para ele, o ataque a Israel não deverá ter tanto peso nos mercados, mas deverá ajudar a engrossar o caldo de desafios que já se impunham até então, com efeitos sobre a renda variável e as curvas de juros.

Petróleo sobe até quanto?

O preço do petróleo, que já inclui um prêmio de risco de cerca de US$ 10 por barril, deverá subir, de acordo com Iman Nasseri, gestor para o Médio Oriente da consultoria FGE. A commodity pode avançar outros US$ 2 a US$ 5 por barril devido à preocupação com novas represálias israelenses ou interferência iraniana no transporte marítimo ao redor do Golfo Pérsico, disse ele.

Embora o conflito no Médio Oriente ainda não tenha tido qualquer impacto na produção, os ataques no Mar Vermelho perpetrados pelos Houthis, apoiados pelo Irã, perturbaram o transporte marítimo. A maioria dos comerciantes teme que um conflito cada vez maior possa interromper o transporte de petroleiros do Golfo Pérsico através do Estreito de Ormuz.

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Os investidores irão agora pesar o risco de um ciclo de pausa e contra-ataque na região, com olhos atentos ao petróleo como um guia sobre como operar. O petróleo Brent já subiu quase 20% este ano e é negociado acima de US$ 90 o barril.

O Grupo Vitol, o maior comerciante de petróleo do mundo, disse na semana passada que o crescimento da procura deverá superar a maioria das previsões este ano. Enquanto isso, Seb Barrack, chefe de commodities do fundo de hedge Citadel, disse esperar que o mercado de petróleo fique "extremamente apertado" ainda este ano.

"Os mercados de energia começarão a integrar mais seriamente a ameaça da expansão do conflito e uma espiral de erros de cálculo", disse Ayham Kamel, chefe da consultoria de risco Eurasia Group para o Médio Oriente e Norte de África.

Bolsas

As bolsas podem se beneficiar por terem estado fechadas no momento mais agudo do conflito, o que pode minimizar as perdas na abertura. O Bitcoin, que deu uma visão inicial do sentimento do mercado, afundou quase 9% após os ataques de sábado, mas se recuperou no domingo, voltando a ser negociado perto da marca de US$ 64.000.

As bolsas de ações da Arábia Saudita e do Qatar registaram perdas modestas sob baixos volumes de negociação. O índice de referência das ações de Israel oscilou entre ganhos e perdas pelo menos nove vezes antes de fechar com um pequeno ganho.

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"Os mercados do Médio Oriente abriram com relativa calma após o ataque do Irã, que foi percebido como uma retaliação comedida, em vez de uma tentativa de escalada", disse Emre Akcakmak, consultor sênior da East Capital no Dubai. "No entanto, o impacto no mercado poderá ir além do Médio Oriente devido aos efeitos secundários sobre os preços do petróleo e da energia, influenciando potencialmente as perspectivas de inflação global."

"A reação natural dos investidores é procurar ativos seguros em momentos como este", disse Patrick Armstrong, diretor de investimentos da Plurimi Wealth, à Bloomberg. No entanto, ressalta que tudo dependerá da resposta de Israel. Se não houver retaliação iminente – como o país já afirmou – e, mesmo assim, os mercados caírem, poderá ser “uma oportunidade de comprar ativos de risco a preços mais baixos", falou.

Dólar e juros

A investida do Irã contra Israel deve provocar, no curto prazo, uma alta na cotação do petróleo e uma valorização do dólar, tendo como consequências um espaço menor para cortes de juros tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, avaliou o economista André Perfeito, em comentário enviado a clientes.

Em caso de maior escalada do conflito, Perfeito vê também como efeitos um atraso nos cortes de juros pelos EUA, com o Banco Central brasileiro perdendo “graus de liberdade para cortar a Selic". Por outro lado, empresas ligadas a commodities "podem se beneficiar", falou.

(Com informações de Bloomberg, Estado de S. Paulo)

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