A mixtape, em tradução literal “fita mixada”, é a junção de várias faixas musicais, que, diferentemente dos álbuns e EPs, não precisam ter alguma conexão.
A mixtape, em tradução literal “fita mixada”, é a junção de várias faixas musicais, que, diferentemente dos álbuns e EPs, não precisam ter alguma conexão. Ela foi desenvolvida no universo do hip-hop nos anos 1970 e voltou a se popularizar entre artistas do rap recentemente e ganhando uma nova roupagem no streaming.
No século passado, uma mixtape era produzida e colocada em fita cassete, de forma acessível e barata. Era um método viável para a divulgação das músicas de diferentes produtores, com experimentações sonoras e colaborações inesperadas, geralmente produzidas por DJs.
Em entrevista ao Metrópoles, o DJ Raffa Santoro falou sobre a concepção de uma mixtape e diferenciou ela de um álbum.
Entrevista com o DJ Raffa Santoro Entrevista com o DJ Raffa Santoro bk Mixtape fita 0“Por se tratar de um projeto que geralmente nasce nas mãos de um DJ, a principal diferença é a concepção de um álbum, onde o artista tem um tema como alvo. A mixtape tem um ar de coletânea, de compilação”, explicou o produtor.
Atualmente, as mixtapes estão fazendo sucesso e sendo produzidas por selos musicais de rap, que reúnem vários artistas e pretende divulgar novas apostas do gênero, como o rapper Fye. Foi assim com a mixtape Verão Criminoso, feita pelo selo Gigantes, fundado pelo rapper BK’.
“Esse projeto surgiu como uma coletânea de várias músicas. A ideia veio para colocar o selo cada vez mais em atividade, circulando na cena. O Gigantes tem esse enfoque de enaltecer novos nomes do rap e mostrar os artistas que estamos apostando”, contou BK’ no lançamento do projeto.
A grande diferença entre as coletâneas musicais no rap do passado e as atuais são os meios de divulgação. Nos anos 1980 e 1990, as mixtapes eram produzidas em fitas cassete. Agora, são publicadas diretamente nas plataformas musicais. Mesmo assim, para Raffa Santoro, o conceito permanece.
“Por mais que a era digital tenha mudado drasticamente a forma como esse tipo de projeto se apresenta, as motivações e resultados são muito próximos. Com a mixtape você consegue pulverizar um número maior de artistas para o público, fato que é mais demorado com projetos solos ou de grupos. Essa pluralidade é sempre bem-vinda”, pontuou.
O produtor pontua, ainda, que a concepção evoluiu: “Antes, as músicas nas fitas eram uma forma de ultrapassar as barreiras regionais e de se apresentar para o mundo. Agora, com a internet, é ainda mais fácil”.
Muitas vezes, pela proximidade de conceitos, as mixtapes acabam se tornando álbuns concretos. Foi o que aconteceu com Sotam, Kweller e Enzo Cello, que se uniram para uma compilação musical, mas transformaram o projeto no álbum Três2.
“No meio do processo da mixtape, a gente viu que todas as faixas que a gente estava fazendo conversavam entre si e tinham um conceito que a gente podia explorar como um álbum”, explica Enzo Cello.
Mesmo assim, com a produção de um álbum, as novas faixas acabaram dentro do que podemos chamar de uma nova tendência da mixtape, que são as playlists editoriais das plataformas musicais.
Com as novas formas de coletâneas musicais no streaming, o conceito de mixtape, que surgiu no hip-hop e musicalmente com o rap, está se expandindo e ganhando outros significados.
“O grande alcance é um dos motivos pelos quais as playlists editoriais de plataformas de áudio são tão desejadas pelos artistas atualmente. Elas são apresentadas pelo streaming e tem um engajamento muito maior com o público”, conta Raffa Santoro.
Presentes nos streamings de música, essas playlists reúnem músicas de vários artistas de um gênero específico e estão fazendo cada vez mais sucesso entre os ouvintes. É um novo conceito das compilações do passado, que eram realizadas em fitas.
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