O atentado do último sábado (13) contra o ex-presidente dos EUA e candidato do partido Republicano Donald Trump trouxe ainda mais desdobramentos para uma corrida eleitoral tensa e cheia de nuances nos Estados Unidos, com repercussões na sociedade e também nos mercados acionários.
Paulo Gitz, estrategista global da XP, ressalta os pontos que chamam a atenção sobre o ocorrido, as possíveis consequências para o mercado e o que monitorar daqui para a frente.
Diversifique investindo no Brasil e no exterior com o Investimento Global XP
Ao InfoMoney, o estrategista ressaltou que esses pontos devem ser observados de perto para o mercado entender os rumos da campanha eleitoral: o tom dos próximos discursos de Trump (se ele será mais extremista ou mais moderado), a escolha do vice-presidente para a sua chapa e as estratégias do partido democrata para lidar com as mudanças na corrida eleitoral.
Confira abaixo os pontos de atenção ressaltados pelo estrategista-global da XP:
Questões sobre o atentado
Falha grave de segurança – Gitz considera o atentado como gravíssimo e uma falha de segurança inexplicável, uma vez que o atirador estava num telhado com visão livre a 150 metros do palco. O estrategista ressalta que, por ser ex-presidente, Trump tem a proteção do Serviço Secreto, que inclusive esteve lá protegendo o ex-presidente americano depois do atentado. O estrategista avalia que o episódio inexplicável abre margem para narrativas mais polêmicas de ambos os lados.
O que se tem agora
Chance de vitória aumenta – Os mercados de apostas moveram-se para uma maior chance de vitória de Trump, que agora oscila entre 65 e 70%.
Leia mais sobre o caso:
- Trump é ferido na cabeça durante comício; veja imagens
- 2 morrem e 1 é ferido após comício de Trump; um dos mortos seria atirador
- Biden confirma tiroteio e diz rezar por Trump: "não queremos violência"
- Bolsonaro, Milei, Lula e Obama repudiam tiroteio em comício de Trump
Olhando eventos históricos, vítimas de atentados têm aumento de popularidade após o fato – foi o caso de Theodore Roosevelt em 1912 (perdeu a eleição, mas até hoje é a melhor performance de um partido independente na história), Ronald Reagan (ataque em 1981/ se reelegeu em 1984 sendo ganhador em 49 estados), e, em 2018 no Brasil, com Jair Bolsonaro vencendo as eleições após o evento da facada em Juiz de Fora.
“A base de Trump está extremamente motivada e deve comparecer em massa no pleito de novembro”, avalia o estrategista.
Apoios importantes – após o atentado, Trump ganhou o apoio formal de Elon Musk (dono da Tesla) e de Bill Ackman (gestor de fundos de investimento e CEO da Pershing Square) – dois bilionários que historicamente apoiavam o partido Democrata.
No que ficar de olho
Escolha do vice-presidente- com o aumento da popularidade, a escolha do candidato a vice, que deve sair nos próximos dias, tende a ser de alguém mais alinhado ideologicamente a Trump, sem a necessidade de escolher alguém mais ao centro para ajudar nas eleições, aponta o estrategista. O favorito é o senador JD Vance, aponta o estrategista, ressaltando que ele é famoso por sua postura contrária ao poder das Big Techs.
Marco Rubio, que tem se alinhado favoravelmente ao trumpismo nos últimos anos, também está na lista. Já “correndo por fora”, está a ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, que foi a última oponente de Trump a permanecer na corrida presidencial do partido Republicano, sendo vista como uma alternativa mais moderada.
Partido Democrata – Dado o impulso de popularidade de Trump, nesse momento, Gitz vê como improvável uma troca de candidato (com a candidatura do atual presidente americano Joe Biden cada vez mais enfraquecida) para tentar virar o jogo. Um movimento neste sentido poderia ocorrer quando o noticiário sobre o tema perdesse força.
Postura de Trump – Gitz questiona qual será a mudança na postura de Trump após esse “renascimento”, já que o tiro por pouco não foi fatal.
“Ele vinha até com uma postura muito moderada nos discursos, entrevistas e podcasts dos últimos meses, bem diferente do combativo Trump de, principalmente, 2016 e 2020. A primeira reação, na adrenalina, foi de virar para a plateia e gritar “fight! fight!” mas ele pode se aconselhar com estrategistas políticos e acenar aos indecisos com um tom mais mais ‘presidenciável'”, aponta.
Assim, um ponto a monitorar é a convenção do partido Republicano que começa na segunda-feira e deve dar uma boa indicação “desse (talvez) novo Trump”.
Impacto nos mercados – Gitz vê que a reação do mercado poderia ser negativa do ponto de vista de ambiente político e chances de escalar violência e mais incertezas.
Fora isso, não deve haver grandes mudanças, dado que as chances maiores de uma vitória do partido Republicano já estavam sendo precificadas desde o dia seguinte ao debate presidencial que foi visto como um desastre para o candidato do partido Democrata, Joe Biden, no fim de junho.
SIte da InfoMoney