O tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deve implicar o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil Walter Braga Netto, em novo depoimento marcado para a tarde desta quinta-feira (21).
O tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deve implicar o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil Walter Braga Netto, em novo depoimento marcado para a tarde desta quinta-feira (21).
A informação foi confirmada pelo próprio advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, na manhã desta quinta, de acordo com informações da GloboNews.
O novo depoimento do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro será prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF). A oitiva deve ser conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, que marcou a audiência.
Cid falará ao Supremo depois de a Polícia Federal (PF) apontar uma série de omissões de contradições em seu último depoimento, na terça-feira (19).
No mesmo dia, a PF deflagrou a Operação Contragolpe, que revelou a articulação de militares e integrantes do governo Bolsonaro em torno de um suposto golpe de Estado, no fim de 2022, antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Foram presos quatro militares e um policial federal, todos acusados de planejar o assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes. Em seu depoimento, Mauro Cid negou que tivesse conhecimento da trama golpista.
De acordo com a GloboNews, os policiais estariam convencidos de que Cid omitiu informações e nomes envolvidos na suposta tentativa de golpe de Estado. Segundo a PF, as investigações contradizem a versão apresentada pelo tenente-coronel.
Caberá a Alexandre de Moraes tomar uma decisão sobre a colaboração premiada de Cid, que corre risco até de ser anulada. Ao convocar a audiência no STF, o ministro afirmou que o depoimento servirá para “esclarecimentos relacionados aos termos da colaboração (regularidade, legalidade, adequação e voluntariedade)”.
As apurações que envolvem a Operação Contragolpe se relacionam a uma investigação mais ampla da PF sobre a suposta atuação de uma organização criminosa em 5 eixos:
1) Ataques virtuais a opositores;
2) Ataques às instituições (como o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral), ao sistema eletrônico de votação e à higidez do processo eleitoral;
3) Tentativa de Golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
4) Ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias na pandemia
5) Uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens, com uso de suprimentos de fundos (cartões corporativos) para pagamento de despesas pessoais, inserção de dados falsos de vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, e desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras e posterior ocultação.
A operação está relacionada ao eixo 3: "Tentativa de Golpe de Estado e de Abolição violenta do Estado Democrático de Direito".
Segundo os investigadores, foram executadas ações operacionais ilícitas por militares com formação em Forças Especiais (FE) do Exército (os chamados "kids pretos"). Inicialmente, a ideia era monitorar as atividades do ministro Alexandre de Moraes, do STF, para posterior "execução de sua prisão ilegal e possível assassinato".
Os relatos indicam que tal monitoramento teria começado logo após reunião, realizada em 12 de novembro de 2022, na residência de Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil na gestão Bolsonaro.
Também estavam nos planos os homicídios de Lula e Alckmin, à época recém-eleitos, em uma tentativa de impedir a posse do novo governo.
De acordo com a PF, as movimentações para a consumação de um Golpe de Estado tiveram seu auge entre novembro e dezembro de 2022 e foram batizadas pelos envolvidos de "Copa 2022".
Os indícios foram identificados a partir da análise de dados do celular apreendido do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e de trocas de mensagens com Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, que entrou nas investigações sobre suposto desvio de joias recebidas pelo político durante o mandato.
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