A decisão de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) é o grande destaque da sessão desta quarta-feira (18). Segundo a ferramenta CME FedWatch, as negociações de futuros de fundos do Fed indicam uma probabilidade de 95% de que o banco central americano reduza as taxas de juros em um quarto de ponto percentual.
Além da decisão, investidores estarão atentos a coletiva de imprensa de Jerome Powell, presidente da autoridade monetária, prevista para às 16h30, que deve trazer mais detalhes sobre as decisões futuras de política monetária.
Os dados do mercado imobiliário americano também são destaque na sessão. O Census Bureau divulgará a prévia das licenças de construção para novembro. No mês anterior, foram emitidas 1,419 milhão de licenças.
Enquanto isso, sem indicadores relevantes na agenda, o mercado local segue atento a tramitação de pautas prioritárias no Congresso Nacional. Quase oito meses após o envio pela equipe econômica, o Congresso Nacional aprovou na véspera a votação do primeiro projeto de regulamentação da reforma tributária. O texto segue agora à sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A Câmara também aprovou o primeiro dos três projetos do pacote fiscal. Ainda restam duas propostas a serem votadas hoje: uma que estabelece um limite de 2,5% para a valorização real do salário mínimo e endurece as regras do BPC, e outra, uma PEC que inclui medidas complementares.
O que vai mexer com o mercado nesta quarta
Agenda
Às 15h (horário de Brasília), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, participa da LiveBC onde se despede do comando da autarquia e faz balanço da gestão, com transmissão pelo Canal do BC no YouTube.
Brasil
14h30 – Fluxo Cambial Estrangeiro
EUA
9h – Índice do Mercado Hipotecário (semanal)
10h30 – Licenças de Construção (novembro)
12h30 – Relatório de Estoques de Petróleo da EIA (semanal)
16h – Declaração do Fomc
16h30 – Coletiva de Imprensa do Fomc
Zona do Euro
7h – CPI (novembro)
Internacional
Acordo para acabar com guerra
Um acordo para interromper a guerra de 14 meses em Gaza e libertar reféns pode ser firmado nos próximos dias, enquanto avançam negociações no Cairo mediadas por EUA, Egito e Catar. Um cessar-fogo prevê a libertação de reféns pelo Hamas em troca de prisioneiros palestinos detidos por Israel, mas o grupo exige garantias para um acordo mais abrangente no futuro. Autoridades norte-americanas e egípcias indicam progresso, enquanto Israel nega que Netanyahu esteja no Cairo. O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, reforçou ultimatos ao Hamas e alertou para consequências graves caso os reféns não sejam libertados antes de sua posse em 20 de janeiro.
EUA e China
O principal diplomata da China, Wang Yi, expressou esperança de que o novo governo de Donald Trump nos EUA opte por uma cooperação mutuamente benéfica com Pequim, apesar das tensões. Trump, que afirmou que a pandemia prejudicou seu relacionamento com Xi Jinping, prometeu medidas econômicas mais duras contra a China, como tarifas adicionais e mudanças no status comercial do país. Enquanto isso, a China busca consolidar posições para futuras negociações, mas alerta que responderá com firmeza a ações consideradas interferência em seus assuntos internos. A nomeação de figuras agressivas contra Pequim no governo Trump sugere uma política externa ainda mais conflituosa em relação ao primeiro mandato.
Economia
Regulamentação da reforma tributária
A Câmara dos Deputados aprovou, no fim da tarde desta terça-feira (17), o texto-base do primeiro projeto de regulamentação da reforma tributária sobre o consumo (PLP 68/24). O texto foi aprovado com 324 votos favoráveis, 123 contrários e apenas três abstenções. Os deputados ainda precisam votar os destaques (sugestões de mudança) ao texto e as emendas de redação.
Pacote fiscal
A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (17) o texto-base de um projeto que limita a concessão de benefícios fiscais e despesas com pessoal em caso de déficit nas contas públicas. O projeto segue agora para análise do Senado e é o primeiro do pacote de medidas de ajuste fiscal enviado pelo Ministério da Fazenda.
LDO 2025
A Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso aprovou na noite desta terça-feira (17) o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2025. O texto estabelece as prioridades e a meta fiscal da União para o ano seguinte, além de orientar a elaboração do próprio Orçamento, cujo texto ainda precisará passar pela CMO.
Com o avanço na comissão mista, o texto da LDO agora vai agora para análise dos parlamentares em sessão conjunta do Congresso Nacional, que reúne deputados e senadores, prevista para esta quarta-feira (18).
Limite do ganho real do salário mínimo e PEC do abono
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, afirmou que o projeto que limita o ganho real do salário mínimo (PL 4614/24) e a proposta de emenda à Constituição que restringe o acesso ao abono salarial de maneira gradual (PEC 45/24), que compõem o pacote de ajuste fiscal do governo, devem ser votados nesta quarta-feira (18) pelos parlamentares.
Crise cambial
Robin Brooks, economista do Brookings Institute e ex-economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF) e estrategista-chefe de câmbio do Goldman Sachs, alertou para o risco de uma crise cambial no Brasil. Em um post no X, antigo Twitter, Brooks destacou que o real está absurdamente subvalorizado, mas que o governo atual não possui a capacidade de se comunicar efetivamente com os mercados, quase comemorando essa situação.
Ele enfatizou que, se o governo continuar com grandes déficits e pressionar o Banco Central para manter juros baixos, o Brasil enfrentará uma crise cambial semelhante à vivida pela Turquia em 2021. Brooks ressaltou que a frouxidão fiscal prejudica o crescimento econômico e gera uma espiral de depreciação do real, exigindo um maior aperto nas condições financeiras e juros mais altos para conter a inflação.
Política
Governo Lula
A aprovação do governo do presidente Lula caiu de 36% para 35% em dezembro, enquanto a avaliação negativa subiu de 32% para 34%, segundo pesquisa Datafolha. A porcentagem dos que consideram o governo regular se manteve em 29%. Apesar das oscilações dentro da margem de erro, a tendência é de queda em comparação a dezembro do ano passado. A aprovação é maior entre os mais pobres, idosos e nordestinos, enquanto a desaprovação predomina entre a classe média, evangélicos e os mais ricos.
Indicações
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou Artur Watt Neto, especialista em Direito do Petróleo, para diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), e Pietro Sampaio Mendes, atual secretário de Petróleo e Gás, para a diretoria. Mendes continuará como presidente do conselho da Petrobras durante o processo de aprovação no Senado. Lula também nomeou dirigentes para outras agências reguladoras, incluindo Leandro Safatle (Anvisa), Wadih Damous (ANS) e Tiago Faierstein (Anac). A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) segue sem um diretor desde maio, atrasando decisões importantes.
José Dirceu
A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) declarou nesta terça-feira, 17, a prescrição de uma ação por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro contra o ex-ministro José Dirceu na Operação Lava Jato.
Corporativo
Vale (VALE3)
O Ministério Público Federal (MPF) recorreu da decisão que absolveu Samarco, Vale, BHP e 21 pessoas de responsabilidade pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015. A Justiça concluiu que faltavam provas para atribuir condutas específicas aos acusados, mas o MPF argumenta que crimes ambientais desse porte envolvem ações coletivas de empresas. O desastre deixou 19 mortos, centenas de desabrigados e graves danos ao rio Doce. Para o procurador Eduardo Aguiar, os réus foram omissos, aumentando os riscos da operação, e devem responder por crimes como poluição com resultado morte.
Brava Energia (BRAV3)
A Brava Energia assinou contrato de exclusividade com Azevedo e Travassos e Petro-Victory Energy para negociar a venda de 11 concessões de óleo e gás na Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte. A exclusividade, válida por 30 dias, faz parte da estratégia de otimização do portfólio da Brava, formada após a fusão entre Enauta e 3R Petroleum em agosto. As concessões produziram, em média, 250 barris diários de óleo equivalente entre janeiro e novembro de 2024. A empresa também aprovou a contratação de assessor financeiro para avaliar parcerias ou venda de ativos e mantém operações terrestres e marítimas em cinco estados brasileiros.
(Com Reuters, Agência Brasil e Estadão)
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