Os descontos oferecidos no mercado livre de energia em relação ao mercado regulado devem se estabilizar em 2025. Na visão de especialistas, o ritmo de migrações do ano passado pode ser freado, pelo grande volume de saídas do ambiente cativo que já ocorreu.
Já a competição entre as comercializadoras deve se intensificar, enquanto as fusões e aquisições podem consolidar os players de maior porte.
Os descontos em relação aos preços praticados pelas distribuidoras de energia elétrica possivelmente se manterão entre 25% e 30%, segundo as projeções da consultoria Envol.
Como sua empresa pode aproveitar o mercado livre de energia
"O preço não deve cair mais. Várias empresas vão tentar, aos poucos, estabilizar suas margens, porque, obviamente, o desconto é relevante, compram para revender, ou então têm portfólio que consegue encaixar a um preço mais alto do que venderia no atacado", afirmou o CEO da Envol, Alexandre Viana.
24 mil migrações
Até novembro de 2024, 24 mil empresas migraram para o mercado livre, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Mesmo sem os dados do último mês do ano, é um recorde. As informações consolidadas sobre as migrações de 2024 devem ser divulgadas ainda em janeiro.
De acordo com o Relatório de Migração Potencial do Ambiente de Contratação Livre (ACL), elaborado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), até agosto 12,6 mil consumidores poderão concretizar a saída dos contratos cativos.
Descontos na conta de luz de até 35% para empresas e 20% para consumidores
"A gente espera que a quantidade de migrações ainda seja relevante esse ano, mas é natural que com o passar do tempo isso diminua. Possivelmente porque a base que ainda pode migrar diminui. As comercializadoras conquistaram os consumidores mais fáceis de migrar, que têm risco de crédito menor, o consumidor que é mais fácil para ele e traz mais valor", disse o diretor técnico da PSR, Edmundo Grune.
Concorrência vai se intensificar
A dinâmica do mercado pode ser alterada, de acordo com Grune, já que a competição entre as comercializadoras tende a se acirrar.
Após a primeira leva de migrações de clientes da alta e média tensão, os contratos finalizados poderão ser renovados com preços diferenciados. Nesse caso, as estratégias das empresas serão diferentes.
Leia mais:
Dinâmica de contratos no mercado livre vai exigir decisão ágil, aponta relatório
"O argumento não vai ser mais o quanto você pagava para a distribuidora de energia, porque você migrou há alguns anos. Então aí vai passar a ser muito mais uma competição de preço com as outras comercializadoras. Porque você já está lá no mercado e aí vai virar como se fosse um mercado de telefonia, com quatro empresas te oferecendo produtos", disse.
Menor número de players
À medida que o mercado livre varejista se consolidar, os grupos de menor porte poderão ser absorvidos pelos grandes players, a exemplo de outros países.
"O que a gente deve ver para frente deve ser um menor número de vendedores, porém de escala maior. Na Inglaterra, o mercado é aberto há algumas décadas e foi isso que aconteceu. O que a gente tem hoje em dia já é um conjunto menor de empresas maiores", disse.
Saiba mais:
Como vão funcionar simulação de mercado livre de energia para consumidores de RS e SC
Viana corrobora com a tese e complementa que a adoção de inovações poderá ser restrita aos grupos de maior porte.
As baterias de armazenamento, tidas como uma solução para conservar a geração solar e eólica, ainda são tidas como caras, mas tendem a ser uma inovação a ser mais adotada em breve.
"Os comercializadores mais estruturados e maiores terão condições de oferecer essa solução, porque envolve discussão com fornecedores e envolve ter caixa para carregar investimento. Então, imagino que o armazenamento pode impactar o mercado já em 2025", afirmou o CEO da Envol.
SIte da InfoMoney