O governo colombiano enfrenta uma grave crise após uma acalorada reunião ministerial televisionada, marcada por acusações e pedidos de demissão.
O embate pĂșblico enfraquece ainda mais a administração do presidente de esquerda Gustavo Petro, que tem pouco mais de um ano de mandato e poucos resultados concretos a apresentar.
Nos Ășltimos meses, o governo jĂĄ enfrentou conflitos com o presidente dos EUA, Donald Trump, uma crise orçamentĂĄria e aumento da violĂȘncia entre grupos guerrilheiros, prejudicando seus objetivos de combate à pobreza e pacificação.
"As declarações feitas ontem à noite foram tão contundentes, e as divergĂȘncias parecem tão grandes, que a possibilidade de uma desintegração total ou parcial do gabinete agora estĂĄ sobre a mesa." concluiu AndrĂ©s MejĂa, consultor polĂtico e professor da Universidade dos Andes, em BogotĂĄ.
O ministro do Interior, Juan Fernando Cristo, considerou a situação "insustentĂĄvel" e propôs a renĂșncia coletiva dos ministros.
Jorge Rojas, chefe da presidĂȘncia, e Juan David Correa, ministro da Cultura, renunciaram. A reação do mercado foi inicialmente negativa, mas o peso colombiano se recuperou parcialmente.
"O paĂs precisa demonstrar credibilidade em suas polĂticas fiscais, não pode se dar ao luxo de ter mais um ano como o Ășltimo." afirmou Gilberto Hernandez-Gomez, estrategista do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria SA.
A recente disputa com Donald Trump, que resultou na imposição mĂștua de tarifas sobre importações, jĂĄ havia gerado preocupações entre investidores. A Colômbia exporta significativamente para os EUA (flores, cafĂ©, petróleo).
A reunião ministerial expôs divergĂȘncias entre figuras-chave do governo, incluindo a vice-presidente Francia MĂĄrquez, a ministra do Meio Ambiente e o chefe de planejamento, sobre a volta de Armando Benedetti e a promoção de Laura Sarabia.
Petro defendeu seus aliados, afirmando que seu governo não Ă© sectĂĄrio e que todos merecem uma segunda chance. Ele disse que continuarĂĄ transmitindo as reuniões e que ministros podem renunciar. A Colômbia enfrenta desafios fiscais e um estado de emergĂȘncia no nordeste devido à violĂȘncia.
"Por vĂĄrias razões, era previsĂvel que, na fase final do governo, houvesse uma perda crescente de capacidade tĂ©cnica e um desvio para as obsessões polĂticas e simbólicas do presidente." disse MejĂa, da Universidade dos Andes. "Depois de ontem, esse risco parece ainda maior."
Durante a reunião, Petro pediu a venda das operações da Ecopetrol nos EUA, devido à oposição ao fracking.
*Reportagem produzida com auxĂlio de IA