A vitória de Anora no Oscar gerou controvérsia entre cineastas e críticos de cinema.
A vitória de Anora no Oscar gerou controvérsia entre cineastas e críticos de cinema. Em um desabafo nas redes sociais, a diretora Cibele Amaral (Por Que Você não Chora?) criticou a premiação do longa, argumentando que o filme dirigido por Sean Baker reforça estereótipos femininos e representa um retrocesso para as conquistas das mulheres na indústria cinematográfica.
No Instagram, ela destacou que duas atrizes veteranas, Fernanda Torres e Demi Moore, tiveram atuações excepcionais, mas foram ignoradas pela Academia em favor de um filme que, segundo ela, apresenta uma visão fetichista das mulheres.
“Por que Fernanda Torres e Demi Moore mereciam o Oscar e por que Anora é um filme perigoso? Duas mulheres 50+, em atuações incríveis, são ignoradas pela academia e o prêmio vai para uma atuação boa, mas num filme machista que não deveria ser premiado. É um filme fetichista que põe a novinha exposta”, iniciou Cibele na publicação.
5 imagens“As personagens femininas se resumem a estereótipos: as ingênuas prostitutas em busca do príncipe encantado, a 'recalcada' que disputa o macho da protagonista e a velha bruxa que tenta impedir sua felicidade. Não há espaço para outros papéis femininos, como mentoras, cientistas ou figuras de autoridade.”
Anora
ReproduçãoFilme ganhou o Oscar de Melhor Filme e mais categorias
ReproduçãoForam cinco categorias no Oscars, sendo Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Diretor
DivulgaçãoMikey Madison é estrela do filme Anora
ReproduçãoAnora venceu o Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 2024
DivulgaçãoEla também criticou a falta de aprofundamento do filme no tema da prostituição e afirmou que a consagração de Anora em festivais como Cannes e no Oscar é um retrocesso. “Lamentável! Não passa nem perto de explorar as questões psicossociais relacionadas ao tema. É um filme raso.”
Assim como Cibele Amaral, Alysson Oliveira e Patrícia de Aquino publicaram um texto no blog da Editora Boi Tempo analisando o longa. Em um texto publicado em janeiro, bem antes do Oscar, a dupla escreveu que Anora “perpetua a ideia de que a protagonista precisa ser escolhida em casamento e salva da prostituição”.
Além disso, a crítica pontua que, ao transformar Anora numa ideia cuja salvação deve ser perseguida pelo filme, Baker a destitui de agência e de sua face mais humana, dificultanto sentimentos de identificação ou empatia.
“Ao mesmo tempo, estigmatiza as trabalhadoras do sexo cujo objetivo único na vida seria deixar o trabalho e ser salva, de preferência por um homem branco e rico”, segue o texto.
“Não que a figura da protagonista não exista — pelo contrário, e a interpretação de Madison tenta lhe dar alguma dignidade o tempo todo, mas a mão pesada do diretor, com suas teses e certezas equivocadas, impede que exista espaço para a emancipação da personagem, que transita de um homem para outro. Mais do que salvar Anora da prostitução, é preciso salvar Anora de seu criador”, conclui Alysson Oliveira e Patrícia de Aquino.
© 2025 2025 - EmSergipe - Todos os direitos reservados
WhatsApp: 79 99864-4575 - e-mail: [email protected]