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Tesouro Direto tem IPCA+ 6,3% e prefixado a 12%; investir já ou taxas vão subir mais

As taxas dos títulos do Tesouro Direto, os investimentos mais seguros do Brasil, estão em patamares que nenhum analista previu no início do ano.


As taxas dos títulos do Tesouro Direto, os investimentos mais seguros do Brasil, estão em patamares que nenhum analista previu no início do ano. Com o cenário externo ainda desafiador e desconfiança sobre as contas do governo, o mercado pede prêmio alto para investir no País e mais uma janela de oportunidade se abre para o investidor.

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No fechamento desta sexta-feira (14), o título mais curto indexado à inflação, Tesouro IPCA+ 2029, pagava juro real de 6,36%. Ou seja, o investidor que compra o papel recebe, no fim do investimento, o dinheiro corrigido pela inflação no período acrescido do prêmio considerado gordo. 

Nos prefixados, a remuneração chega a 12,18% ao ano, remuneração oferecida pelo título com vencimento em 2031. Esse mesmo papel começou a ser negociado em fevereiro deste ano com taxa de 10,69% ao ano. 

Por que as taxas estão altas?

No cenário local, o mercado não aprova a abordagem do governo federal para tentar melhorar a saúde das contas públicas. A meta de gerar superávit fiscal no ano que vem já era vista com muita desconfiança pelo mercado. O novo objetivo, fixado em abril, é apenas zerar o déficit primário. 

"O governo não vem mostrando planos críveis para reduzir o déficit; além disto, tivemos um desastre no Rio Grande do Sul e o governo parece subestimar muito o custo da reconstrução", lembra Felipe Martins Passero, sócio da InvestSmartXP. 

Outro fator que faz as taxas subirem é a desancoragem das expectativas de inflação. O mercado vem mostrando, via Boletim Focus, que as projeções de inflação estão subindo, mesmo com os juros em queda. "Se continuarmos a ver as expectativas de inflação subindo enquanto os juros caem, pode haver desconfiança sobre o trabalho do Banco Central", explica Fabrício Silvestre analista de renda fixa da Levante. 

Para chegar às taxas altas, a desconfiança no cenário local é somada à incerteza sobre a taxa de juros dos Estados Unidos. Por lá, a inflação arrefeceu, mas o que preocupa é o mercado de trabalho, que segue forte e deve pressionar os preços nos próximos meses. Kaique Fonseca, economista e sócio da A7 Capital, explica que a tendência de juros mais altos por mais tempo nos EUA "ficou mais clara com o discurso do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), apesar do dado bom de inflação no mês passado". 

O que fazer agora?

Para os especialistas ouvidos pelo InfoMoney, a precificação de risco não é exagerada, mas as taxas ainda não estão estáveis, o que abre oportunidades de investimento. "Nossa curva de juros reflete muito nosso risco, e está sendo mais influenciada por desconfiança fiscal e política do que pela política monetária", resume Victor Furtado Pinheiro, head de alocação da W1 Capital. Fonseca diz que "é natural que o mercado ainda não tenha encontrado o preço de equilíbrio desse novo cenário".

O cenário mais provável, para os analistas, é de manutenção dos juros em patamares altos até que o governo apresente um plano que agrade o mercado para conter despesas. Altas relevantes nos juros não estão no radar dos especialistas, por enquanto. Pelo contrário, o próximo movimento mais relevante tende a ser para baixo: "espero queda nas taxas, já que o ambiente externo vem melhorando, com perspectivas de inflação melhores", diz Silvestre. 

É unanimidade entre os analistas que o momento oferece oportunidades relevantes para qualquer investidor. Com a alta recente, os prefixados voltaram a ser recomendados, mas com uma limitação de prazo indicando preferência pelo Tesouro Prefixado 2027. "Mercado talvez exagerou um pouco", diz Martins sobre a precificação desses ativos. 

"O mercado está precificando alta de juros nos próximos dois ou três anos, o que, na nossa opinião, não é uma verdade", diz Fonseca, da A7 Capital. 

Nos títulos de inflação, os preferidos são os de prazo intermediário, com vencimento entre 2030 e 2035. "Eu não teria inflação de curto prazo na carteira porque é muito volátil. Em um prazo maior, movimento da inflação ano a ano vai compensando distorções", explica Felipe Martins. 

SIte da InfoMoney

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