O dólar registrou forte valorização enquanto Donald Trump assumia a liderança na contagem de votos da eleição presidencial nos Estados Unidos, provocando um aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) diante da expectativa de que suas políticas mantenham as taxas de juros americanas em patamares elevados.
Com o aumento nos rendimentos dos títulos, investidores enxergam maiores retornos e movimentam capital para os EUA. O dólar disparou contra todas as principais moedas asiáticas, apesar de a disputa ainda estar acirrada e com estados cruciais sem finalizar a contagem.
O fortalecimento do dólar foi impulsionado pela venda generalizada no mercado de títulos, enquanto operadores ajustavam as probabilidades para o que tem sido uma disputa apertada entre Trump e a vice-presidente Kamala Harris. Trump prometeu cortar impostos e impor tarifas sobre importações, o que aumentaria as pressões inflacionárias e poderia frear o ritmo de cortes nas taxas de juros do Federal Reserve.
"As propostas de Trump para tarifas e cortes de impostos devem resultar em maior inflação e déficits, o que provavelmente implicaria em rendimentos mais altos para os títulos de longo prazo", disse Priya Misra, gerente de portfólio da JPMorgan Investment Management.
O Bloomberg Dollar Spot Index subiu 1,2%, após um ganho máximo de 1,6% mais cedo. Os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos subiram 11 pontos-base, para 4,37%. A valorização do dólar pressionou moedas globais, enfraquecendo o euro, o iene, o dólar australiano e o franco suíço em pelo menos 1%, enquanto o peso mexicano recuou cerca de 3%.
A intensa disputa eleitoral elevou a volatilidade dos mercados, com fundos hedge e outros operadores entrando em posições conhecidas como "Trump trades" — apostando contra títulos dos EUA ou o peso mexicano — ao longo de outubro. Entretanto, esses movimentos foram parcialmente reduzidos na última semana, após Harris apresentar bom desempenho nas pesquisas.
Até 29 de outubro, fundos hedge e outros especuladores mantinham cerca de US$ 17,8 bilhões em posições de compra no dólar, impulsionados pela busca de ativos de refúgio. Esses dados foram divulgados pela Commodity Futures Trading Commission e compilados pela Bloomberg.
Apesar da valorização do dólar, estados decisivos como Michigan, Wisconsin e Pensilvânia ainda estão indefinidos, o que pode reverter rapidamente o movimento do mercado cambial, como já ocorreu em eleições anteriores. "Esses movimentos fazem sentido se houver uma vitória de Trump", afirmou Tom Fitzpatrick, diretor de insights de mercado global da R.J. O'Brien, "mas o mercado talvez esteja se antecipando demais."
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