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Aviação

Passagens aéreas podem ficar mais caras com combustível sustentável de aviação, dizem empresas

As empresas aéreas brasileiras avaliam que os preços das passagens aéreas podem aumentar com a implementação de SAF (Combustível Sustentável de Aviação) em suas operações a partir de 2027.


Foto: CNN Brasil

As empresas aéreas brasileiras avaliam que os preços das passagens aéreas podem aumentar com a implementação de SAF (Combustível Sustentável de Aviação) em suas operações a partir de 2027. O combustível é mais caro do que o querosene de aviação tradicional.

Com a lei de Combustível do Futuro, os operadores aéreos serão obrigados a reduzir as emissões de gases do efeito estufa nos voos domésticos por meio do uso do combustível sustentável de aviação a partir de 2027. As metas começam com 1% de redução e crescem gradativamente até atingir 10% em 2037.

O diretor do CCO da Gol, Eduardo Calderon, disse que o querosene de aviação representa atualmente 40% dos custos operacionais da companhia aérea. De acordo com o executivo, a empresa deve cumprir a Lei de Combustível do Futuro à risca, reduzindo suas emissões em 1% a partir de 2027.

"Hoje o SAF custa de dois a três vezes o valor querosene de aviação. Imagina algo que já representa 40% dos nossos custos, e em cima disso você está colocando um incremento de duas a três vezes. É muito impactante. Ainda há muita discussão com o governo de como a gente pode fazer para mitigar esse impacto", disse em entrevista à CNN.

Atualmente, não há produção de combustível sustentável de aviação em escala comercial por nenhuma empresa brasileira. A estimativa é de que cerca de 1,6 bilhão de litros de SAF devem ser produzidos no Brasil a partir de 2027.

"Não tem como as companhias aéreas absorverem um incremento de custo tão alto como esse. Isso acaba sendo repassado para a tarifa de alguma maneira. Essa é uma discussão que vai ter que existir ao longo dos próximos anos para ver qual a melhor maneira de fazer essa implementação a partir de 2027", afirmou Calderon.

De acordo com a gerente de Sustentabilidade e Impacto Social da Latam Brasil, Raquel Argentino, o valor do SAF é um dos principais desafios para a descarbonização do setor aéreo.

A companhia aérea quer incorporar 5% de combustível sustentável de aviação em suas operações até 2030, dando preferência à produção da América do Sul.

Para a gerente da Latam, é necessário considerar a adoção de meios alternativos para a descarbonização do setor, diante do estágio inicial de desenvolvimento da produção de SAF na América Latina.

Segundo Raquel Argentino, o Brasil tem potencial para o desenvolvimento do combustível, mas que ainda são necessárias mais políticas públicas que estimulem sua produção.

"Especificamente sobre o combustível, a Latam tem dado sinalizações claras ao mercado e autoridades de que a obtenção do SAF de qualidade deve superar os desafios de disponibilidade limitada e altos custos", disse a CNN.

O repasse do valor do SAF para as passagens aéreas também é uma preocupação da Azul. Segundo Filipe Alvarez, gerente de Sustentabilidade da companhia aérea, a empresa está dialogando com o governo federal sobre a possibilidade de implementação de incentivos fiscais para desonerar a cadeia de produção do combustível.

"Estamos discutindo com a ANP, Anac, Ministério de Minas e Energia, Ministério da Fazenda para que o preço final do SAF chegue a um patamar aceitável e factível para as companhias aéreas brasileiras para que não haja o repasse e o aumento de custos das passagens", disse à CNN.

A Azul estima utilizar em sua frota cerca de 25 milhões de litros de SAF em 2027, com crescimento proporcional de 25 milhões nos anos subsequentes.

Para alcançar as metas estabelecidas pela Lei de Combustível do Futuro, a companhia não descarta importar o combustível, caso não haja produção suficiente no Brasil, o que pode tornar o custo ainda mais alto.

"Todos somos responsáveis e todos precisamos trabalhar em conjunto. Mas não é justo que a população brasileira e latino-americana tenha que pagar um preço maior pelas passagens, enquanto nós, como continente, não somos os principais emissores", afirmou Filipe.

Em nota, o Ministério de Minas e Energia (MME) informou que a definição sobre incentivos para a produção do combustível sustentável de aviação no Brasil faz parte de uma ampla discussão sobre a regulamentação do setor nos próximos anos.

CNN Brasil

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