O filme Corisco e Dadá, dirigido por Rosemberg Cariry e lançado originalmente em 1996, retorna aos cinemas em uma versão restaurada em 4K. O relançamento, realizado com trabalho de restauração digital, traz novamente ao público a história de Corisco, um dos mais famosos cangaceiros do Brasil, e sua companheira Dadá.
Em entrevista ao Metrópoles, o diretor Rosemberg Cariry comentou sobre o impacto da obra, sua relevância nos dias atuais e o processo de restauração, liderado por seus filhos, os cineastas Petrus e Bárbara Cariry.
Rosemberg Cariry enfatizou como o contexto retratado no longa ainda continua relevante para o Brasil atual. “O filme Corisco e Dadá é um recorte da história do Brasil, especificamente do Nordeste, onde se iniciou o processo de colonização do país e que foi palco de tantos conflitos e lutas”, disse o diretor.
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Segundo ele, o cangaço surgiu como uma “resposta armada e anárquica do povo” frente a uma sociedade profundamente desigual e marcada pela violência e pelo autoritarismo dos latifundiários. Cariry explica que, ainda hoje, a narrativa do cangaço permite uma reflexão sobre os abusos das elites e as tentativas de mudança social.
O diretor ainda fez um paralelo com as novas representações do cangaço, como na série Cangaço Novo, do Prime Video, e explicou sua visão do porquê as produções sobre o tema continuam fazendo sucesso mesmo após tantos anos.
“A violência e a catástrofe exercem um fascínio sobre o público, desde os primeiros anos do cinema até hoje. Filmes de cangaço, de bandidos, de gangsters, de cowboys, de samurais e guerreiros medievais continuam e continuarão a ter o seu prestígio. Podem ser produções políticas, ensaísticas, artísticas, experimentais, romanceadas, aventurosas ou puro entretenimento para consumo rápido. No meu caso, optei por uma narrativa trágica, mostrando esse mundo bruto e de violência profunda através de uma mulher: Dadá”, explica.
3 imagensCorisco e Dadá
ReproduçãoCorisco e Dadá
ReproduçãoCorisco e Dadá
ReproduçãoRestauração de Corisco e Dadá
O processo de restauração de Corisco e Dadá foi descrito por Cariry como um trabalho de dedicação e tecnologia. O diretor conta que o filme foi originalmente filmado em 35mm e que os negativos sofreram um processo avançado de degradação.
“Após o scanner em 4K, Petrus Cariry passou um ano e meio restaurando o filme quadro a quadro”, explicou, ressaltando que a nova versão foi possível graças aos avanços tecnológicos e ao esforço de Petrus e Bárbara Cariry.
O trabalho incluiu a recuperação das cores originais, baseadas em conversas com o fotógrafo Ronaldo Nunes, e a restauração das trilhas sonoras analógicas, feitas por Érico Paiva. “Fiquei muito satisfeito com o resultado e feliz com os diálogos que o filme abre com um novo público”, conclui Cariry.
Metrópoles