Economia Saúde

70% da felicidade no trabalho depende do chefe direto - e isso impacta produtividade

Se o seu chefe direto frequentemente "reconhece e encoraja o time", "trata os liderados como indivíduos, suportando e encorajando seus desenvolvimentos" e "comunica uma visão clara e positiva do futuro", você possivelmente se sente mais feliz em relação ao seu trabalho do que profissionais que não tem esse suporte.

Por Em Sergipe

17/11/2024 às 14:26:24 - Atualizado há

Se o seu chefe direto frequentemente "reconhece e encoraja o time", "trata os liderados como indivíduos, suportando e encorajando seus desenvolvimentos" e "comunica uma visão clara e positiva do futuro", você possivelmente se sente mais feliz em relação ao seu trabalho do que profissionais que não tem esse suporte. 

Isto é o que indica a pesquisa feita por Juliana Sawaia, cientista e pesquisadora de felicidade no trabalho, para a Fundação Dom Cabral. "A liderança direta é o centro das relações de trabalho porque é a figura que traduz para os funcionários as práticas da empresa. É a pessoa que está constantemente em contato com os funcionários e que pode melhorar ou piorar a experiência profissional", diz a pesquisadora. 

Juliana Sawaia, cientista da felicidade. Foto: Reprodução

No levantamento feito com 250 profissionais do setor privado, em diferentes níveis hierárquicos e regiões do país, Sawaia verificou que ter o respaldo do líder direto nos âmbitos de reconhecimento e segurança psicológica é mais determinante para melhorar a visão do profissional em relação ao emprego do que outros aspectos profissionais. 

Os dados correspondem a outra pesquisa feita pela Robert Half, em parceria com a The School of Life. No levantamento de 2024 sobre saúde mental e ambiente de trabalho, "salário insuficiente" e "alta pressão por resultados" não foram os principais motivos apontados pelas pessoas que causam infelicidade na profissão.    

Falta de plano de carreira (47,74%), falta de propósito (46,45%) e relacionamentos tóxicos (39,95%) são agravantes maiores. 

Profissionais se incomodam mais com relacionamentos ruins do que com questões salariais. Foto: Getty Images

"São aspectos que coincidem nas duas pesquisas", diz Maria Sartori, diretora associada da Robert Half. "Cada vez mais as pessoas buscam propósito em suas funções, o reconhecimento de que o que elas fazem tem valor, significa algo". A diretora vê um papel importante da liderança nessa validação, mas também acredita que os profissionais devem se responsabilizar pelos seus próprios desenvolvimentos. 

Novo indicador

O que gera felicidade no trabalho? Para 73,3% dos 387 profissionais consultados pela Robert Half, o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional é o segredo do sucesso. Senso de propósito (53,4%), relacionamentos positivos (51,6%) e reconhecimento (51,4%) também foram destaque na pergunta de múltipla escolha. 

Sawaia avalia que a felicidade no trabalho impacta diretamente o resultado dos negócios, considerando que um funcionário mais feliz estará mais comprometido em dar o seu melhor, o que repercute diretamente na qualidade da empresa. Para ela, mais do que um objetivo a ser perseguido por empresas, "Felicidade no Trabalho" deve se tornar um indicador a ser mensurado. 

"Líderes são treinados de acordo com os indicadores de uma empresa e o estudo deixa claro a importância do líder nesse processo", diz a pesquisadora. "Quando você trabalha com indicadores, desenvolve parâmetros e isso se torna uma coisa palpável." 

Ainda em 2019, a Saïd Business School, da Universidade de Oxford, já tinha mensurado o quanto felicidade no trabalho melhora os índices de produtividade: trabalhadores mais felizes são 12% mais produtivos do que os infelizes devido ao maior foco e precisão em suas atividades. O estudo afirma que os profissionais infelizes cometem mais erros, são mais dispersos e ineficientes. 

Sawaia acredita que o tema ganhou algum espaço na agenda das empresas nos últimos anos, mas ainda é muito incipiente, com companhias optando por dar palestras e fazer discursos motivacionais ao invés de empregar programas de forma estruturada dentro da cultura organizacional. 

"Quanto maior o índice de bem-estar, maior o lucro das empresas. Não é só a coisa certa a fazer, é a mais rentável", diz a pesquisadora.

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