O Itaú Unibanco (ITUB4) espera uma relativa estabilidade dos índices de inadimplência da instituição em 2025, mas não descarta alguma volatilidade, dado o cenário mais desafiador, afirmou nesta quinta-feira o presidente-executivo do maior banco do país, Milton Maluhy Filho.
“Naturalmente, pode ter alguma volatilidade para cimaâ¦mas em patamares muito parecidos com o que estamos observando”, afirmou o executivo em entrevista a jornalistas após o banco divulgar o balanço de 2024 na véspera e previsões para este ano, incluindo desaceleração do crescimento do crédito.
Leia também Ética é inegociável, disse Milton Maluhy Filho, durante apresentação dos resultados do banco no quatro trimestre de 2024 Milton Maluhy Filho diz que ‘guidance’ reflete perspectivas de cenário que se apresentam hoje, mas banco “nunca esteve tão bem para enfrentar qualquer tipo de cenário”Régua ética é a mesma para todos, diz CEO do Itaú, sobre punição a executivos
Itaú: Rentabilidade vai se manter alta ainda que carteira cresça menos, diz CEO
No quarto trimestre do ano passado, a inadimplência total acima de 90 dias do Itaú ficou em 2,4%, de 2,6% em setembro e 2,8% um ano antes.
“É muito difícil imaginar que vamos continuar melhorando os indicadores de atraso, até porque estamos nas mínimas históricas”, acrescentou.
O Itaú também divulgou na véspera estimativa de expansão de 4,5% a 8,5% na carteira de crédito total, uma desaceleração frente ao crescimento de 15,5% no ano passado. O resultado de 2024, porém, superou o guidance, de aumento de 9,5% a 12,5%.
Maluhy afirmou que o banco está bastante confortável com a projeção, mas acrescentou que se houver uma mudança de cenário para melhor, o Itaú tem uma capacidade de acelerar e reagir muito grande, dado os níveis de capital e a capacidade de execução.
“Nossa capacidade de reação é instantânea, eu diria que é diáriaâ¦estamos muito confortáveis com esse crescimento, dada as perspectivas”, reforçou. “Nós estamos absolutamente conscientes do guidance e dos desafios, e muito confortáveis com os números que estão colocados.”
A cenário do Itaú para 2025 contempla um crescimento de 2,2% do PIB, com inflação de 5,8%, taxa Selic de 15,75% e taxa de câmbio de 5,90 reais por dólar no final do ano.
De acordo com o executivo, mesmo com prognósticos de um ambiente macro mais difícil no próximo ano, a perspectiva é de um resultado muito forte ainda para 2025, especialmente com a rentabilidade muito alta, com rentabilidade ainda acima de 20%. Em 2024, o retorno sobre o patrimônio (ROE) ficou em 22,2%.
O banco “está muito preparado para enfrentar qualquer tipo de cenário”, enfatizou, acrescentando que também está confortável com o custo do crédito da instituição, estimado entre R$34,5 bilhões e R$38,5 bilhões para 2025, dos R$34,5 bilhões em 2024.
Maluhy afirmou que a estratégia de crescimento não muda em relação a 2024 e 2023, com o banco ainda muito focado nos clientes que são mais resilientes ao ciclo.
“A oportunidade, aparecendo, vamos sem dúvida nenhuma, como sempre fizemos, avançar na velocidade necessária e vamos continuar com a agenda central do banco, que é a agenda de centralidade, agenda de hiperpersonalização, agenda de proximidade e agenda de engajamento.”
Na bolsa paulista, às 10h43, as ações do Itaú recuavam cerca de 1%, entre os destaques negativos do Ibovespa, que rondava a estabilidade. Analistas consideraram sólidos os números do quarto trimestre do banco, mas as previsões para o ano conservadoras.
“Nós enxergamos o guidance como inicialmente decepcionante no que diz respeito à última linha do balanço, embora também vejamos o nível de provisionamento do banco como resultado da consideração de um cenário muito desafiador, o que pode fornecer algum espaço para reversões se a economia mostrar resiliência, ou alguma proteção se o cenário desafiador acontecer”, pontuaram analistas do Citi.
“Além disso, apesar das pressões de despesas operacionais, acreditamos que há espaço para o Itaú entregar no topo do guidance”, afirmaram em relatório a clientes, reiterando a recomendação de compra para as ações, com preço-alvo de 40 reais.
DIVIDENDOS ADICIONAIS
Após anunciar R$18 bilhões em remuneração adicional a acionistas, sendo R$3 bilhões em recompras e cancelamento de ações durante o ano de 2025, o presidente-executivo do Itaú sinalizou que deve voltar a entregar dividendos adicionais.
O executivo explicou que no final do ano o banco vai olhar o índice de capital, quais são os desafios regulatórios de capacidade de crescimento para frente e definir um novo dividendo adicional.
“Tudo mais constante, daquilo que enxergamos hoje, sem uma mudança ao longo do ano, vamos para a mesa no final do ano para fazer como a gente estamos fazendo no início do ano, mais uma distribuição dividendo adicional”, disse. “Nosso objetivo não é deter o excesso de capital.”
Em 2024, o banco totalizou R$28,7 bilhões – 69,4% do resultado recorrente auferido no ano – distribuídos aos acionistas, um crescimento de 33,8% sobre a distribuição de 2023.
Questionado sobre o nível de retorno aos acionistas do Itaú Unibanco este ano, o executivo afirmou que a instituição está com sensibilidade a câmbio sob hedge e que, “portanto, o banco pode trabalhar mais alavancado, se achar que faz sentido”.
“Isso pode significar payouts mais relevantes no tempo”, disse o executivo a analistas evitando fazer uma previsão para este ano.
SIte da InfoMoney