Para fazer pressão em prol da proposta de anistia aos condenados pelos atos extremistas de 8 de janeiro, o líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS), levou à Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (11), a esposa de um dos sentenciados. Vanessa Vieira e os seis filhos fizeram apelo durante coletiva de imprensa no Salão Verde da Casa.
O movimento da oposição ocorre após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), negar que houve uma tentativa de golpe relacionada ao 8 de janeiro.
“Esta pauta é que, sim, trará a devida pacificação que tantos falam. A senhora Vanessa com os seus seis filhos, aqui presente, clama que este Congresso, esta Casa, paute a anistia”, declarou Zucco.
Na entrevista, Vanessa Vieira pediu “misericórdia” a Hugo Motta. Ela afirmou ser esposa de Ezequiel Ferreira Luís, condenado a 14 anos de prisão. Ele está foragido, segundo Zucco, e foi um dos integrantes do primeiro grupo de denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no âmbito de inquéritos do 8 de janeiro. O caso já foi usado antes por Jair Bolsonaro (PL), nas redes sociais, para pressionar pelo projeto da anistia.
Após a entrevista, parlamentares acompanharam Vanessa Vieira e os filhos ao gabinete do presidente da Câmara. Zucco disse à CNN que Hugo Motta recebeu "muito bem" o grupo. De acordo com o deputado, o presidente da Câmara afirmou que se sensibiliza muito com a situação e vai conversar com os demais líderes da Casa. Ainda de acordo com Zucco, Hugo, voltou a falar da necessidade de uma "proporcionalidade de penas" aos condenados pelo 8 de janeiro de 2023.
"Saímos bem otimistas para continuar trabalhando pelo projeto da anistia", disse Zucco. A assessoria do presidente da Câmara não divulgou o teor do que foi tratado no encontro.
Até o momento, Hugo não se comprometeu a pautar o projeto da anistia, apesar de sua declaração da semana passada ter sido vista como um aceno à oposição. Ele foi eleito com votos tanto do PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quanto do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A base governista, no entanto, é contra a anistia. O projeto tramitou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no ano passado, mas antes de ser votado sofreu um revés do então presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que encaminhou o texto para uma comissão especial, o que atrasou o seu avanço. A comissão ainda não foi instalada e Motta tem dito que dependerá de consenso no colégio de líderes.
Deputado articula contra
Enquanto a oposição reforça o pedido pela anistia, o deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) lançou nesta terça uma campanha com abaixo-assinado contra a possibilidade.
Chamada de "Sem anistia para golpistas de ontem e de hoje", a campanha relembra os atos de vandalismo ocorridos e a tentativa de ataque com bombas, em Brasília, fora supostos planos de matar autoridades, como o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
"A história já nos mostrou que não responsabilizar golpistas só fortalece novas ameaças. Foi assim no passado, e os sinais de alerta já foram dados no presente. Parlamentares da extrema direita do Congresso querem pautar a votação para antes do Carnaval. Não podemos deixar que a impunidade incentive novos ataques à democracia", disse Vieira, em nota.
CNN Brasil