Após as recentes polêmicas envolvendo o filme Emilia Pérez e a atriz principal Karla Sofia Gascón, a diretora de conteúdo da Netflix, Bela Bajaria, se manifestou pela primeira vez e lamentou que as polêmicas tenham sido uma distração às indicações e amor recebido pelo longa em premiações.
O filme, dirigido por Jacques Audiard recebeu 13 nomeações ao Oscar sendo o mais indicado da 97ª edição da premiação. Além de estar envolvido em polêmicas envolvendo a história e sofrendo críticas da população mexicana, o filme acabou prejudicado por postagens antigas de Karla Sofia Gascón que viralizaram nas redes sociais.
“Eu acho que é realmente uma chatice para as 100 pessoas incrivelmente talentosas que fizeram um filme incrível. E se você olhar para as indicações, e todo esse amor por prêmios que ele recebeu, eu acho que é uma chatice que isso tenha distraído disso. Isso realmente levou a conversa para um caminho diferente [de] esse filme incrível que Jacques Audiard — que é um diretor incrível — fez”, disse.
“É realmente uma chatice para muitas pessoas, como [as colegas de elenco] Zoe [Saldaña] e Selena [Gomez]. E nossa equipe de premiação fez uma campanha incrível para esse filme”, completou Bela Bajaria em entrevista ao podcast The Town.
3 imagensSelena Gomez em Emilia Pérez
DivulgaçãoZoe Saldaña em Emilia Pérez
Festival de Cannes/DivulgaçãoKarla Sofía Gascón em Emilia Pérez
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Na entrevista, ela foi questionada se após as polêmicas a Netflix pretende mudar os processos de seleção de talentos levando em conta suas mídias sociais. “Não é uma prática comum que as pessoas avaliem tuítes sociais dessa forma… Muitas pessoas estão reavaliando isso… Eu acho que isso está levantando questões para muitas pessoas sobre a reavaliação desse processo”, frisou.
Mudanças envolvendo observar redes de futuros atores e atriz vem sendo discutidas em produtoras ao redor do mundo, mas Bajaria não vê a prática como funcional. "Acho que você também tem que [se perguntar]: Vamos realmente olhar para as mídias sociais pessoais de dezenas de milhares de pessoas, todos os dias ao redor do mundo, [dada a] quantidade de filmes e TV originais e coproduções que fazemos e licenciamos? Isso levanta muitas questões sobre como isso deveria ser.", destacou.
Falas de Karla Sofía Gascón contra árabes e o Oscar vêm à tona
Karla Sofía Gascón, estrela de Emilia Pérez, se viu em mais uma polêmica no fim de janeiro após várias postagens antigas dela no X (antigo Twitter), ressurgirem nas redes sociais. Entre os comentários da atriz espanhola, estão falas sobre a crescente presença de árabes na Espanha e críticas sobre a representatividade no Oscar.
Entenda por que os tuítes foram resgatados
- As postagens de Karla Sofia Gascón foram resgatadas nas redes sociais após declarações dela sobre a equipe de Fernanda Torres.
- Em evento para a divulgação do filme Emilia Pérez, no qual o Metrópoles esteve presente, a atriz relatou que está sendo constantemente bombardeada nas redes sociais por fãs de Fernanda Torres.
- "O que eu não suporto é que, a cada notícia minha que sai ou a cada programa que participo, apoiadores da Fernanda Torres ou do filme enchem tudo com 'Fernanda Torres é melhor, você é uma porcaria', 'Fernanda Torres tem que participar deste programa', 'Fernanda Torres merece tudo'", disse ela.
- Na entrevista, ela ainda cita que não falará mal da brasileira ou do filme, mas que "há pessoas que trabalham com Fernanda Torres que falam mal dela e de Emilia Pérez".
- Com o posicionamento, Karla correu o risco de ser desclassificada do Oscar 2025 por quebrar as diretrizes da competição.
- A Variety diz, no entanto, que as falas da protagonista de Emilia Pérez não foram diretamente sobre Fernanda e, por isso, ela não teria quebrado protocolos da Academia
Em sua maioria, as postagens foram feitas entre 2020 e 2021 e foram apagadas do perfil da atriz pela noite, segundo a Variety. Os prints, contudo, circularam na rede social ao longo do dia.
Um deles, feito em 22 de novembro de 2020, mostra Karla Sofía Gascón falando sobre a crescente presença de árabes na Espanha.
“Sinto muito, é só impressão minha ou há mais muçulmanos na Espanha? Toda vez que vou buscar minha filha na escola, há mais mulheres com os cabelos cobertos e as saias abaixadas até os calcanhares. No ano que vem, em vez de inglês, teremos que ensinar árabe”, escreveu ela.
Também em 2020, a atriz voltou a falar sobre o tema e criticou a religião. “O islamismo é maravilhoso, sem nenhum machismo. As mulheres são respeitadas e, quando são respeitadas, ficam com um pequeno buraco quadrado no rosto para que seus olhos fiquem visíveis e suas bocas, mas apenas se ela se comportar. Embora se vistam assim para seu próprio prazer. Quão PROFUNDAMENTE REPUGNANTE DA HUMANIDADE”, escreveu.
Karla Sofia Gascón
Lucas Ramos/Paris FilmesKarla Sofía Gascón em Emilia Pérez
DivulgaçãoNetflix retira Karla Sofía Gascón da campanha do Oscar
Medios y Media/Getty ImagesEm 29 de janeiro de 2021, Karla falou que o "o islamismo não cumpre os direitos internacionais" e que as religiões "devem ser proibidas enquanto não cumprirem com o Direitos Humanos".
A atriz também teceu críticas a outras religiões que, na opinião dela, violam os direitos humanos. “Estou tão farto de tanta merda, do islamismo, do cristianismo, do catolicismo e de todas as crenças de idiotas que violam os direitos humanos”, escreveu.
Mais críticas de Karla Sofía Gascón
A atriz, que se tornou a primeira mulher trans indicada ao Oscar, também falou sobre a premiação em tuítes de 2021. Na ocasião, ela afirmou que “cada vez mais o #Oscar parece uma cerimônia de filmes independentes e de protesto, eu não sabia se estava assistindo a um festival afro-coreano, a uma manifestação do Black Lives Matter ou ao 8M". Ela completou: "Além disso, uma festa feia, feia".
Karla Sofía Gascón também falou sobre o assassinato de George Floyd, homem que foi morto por policiais em 2020 nos Estados Unidos e inspirou uma série de protestos no país. “Eu realmente acho que muito poucas pessoas se importaram com George Floyd, um vigarista viciado em drogas, mas sua morte serviu para demonstrar mais uma vez que há pessoas que ainda consideram os negros como macacos sem direitos e consideram os policiais como assassinos. Eles estão todos errados”, avaliou.
Em uma postagem seguinte, Karla acrescentou: “Muitas coisas para refletir sobre o comportamento da nossa espécie toda vez que um evento ocorre. Talvez não seja mais uma questão de racismo, mas de classes sociais que se sentem ameaçadas umas pelas outras. Talvez essa seja a única diferença real”.
Metrópoles