O Banco do Brasil (BBAS3) trabalha com a expectativa de que o risco de crédito na carteira do agronegócio se acomode ao longo de 2025, afirmou a presidente-executiva do banco, Tarciana Medeiros, nesta quinta-feira, chamando a atenção para a previsão de safra recorde no ano.
O Banco do Brasil (BBAS3) trabalha com a expectativa de que o risco de crédito na carteira do agronegócio se acomode ao longo de 2025, afirmou a presidente-executiva do banco, Tarciana Medeiros, nesta quinta-feira, chamando a atenção para a previsão de safra recorde no ano.
Os papéis da companhia sediam 2,74%, a R$ 28,09, entre os piores desempenhos do Ibovespa, às 12h (horário de Brasília).
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“Com o crescimento previsto para a safra 2025, de safra recorde, (o BB) tende sim a melhorar bastante a qualidade da carteira (do agronegócio)”, afirmou a executiva em coletiva de imprensa e na teleconferência com analistas sobre o balanço divulgado na véspera.
“Continuamos relevantes e próximos desse setor. É uma crise muito pontual”, afirma Geovanne Tobias, vice-presidente de Gestão Financeira e RI. “Acreditamos na capacidade dos agricultores que se endividaram muito que com a safra recorde possam retomar suas operações”, diz Tobias. A CEO destacou que a carteira é de R$ 400 bilhões.
No quarto trimestre, a carteira do agronegócio voltou a mostrar aumento relevante na inadimplência, com o índice acima de 90 dias chegando a 2,45% em dezembro, de 1,97% em setembro e 0,96% um ano antes.
De acordo com o vice-presidente de controles internos e gestão de riscos, Felipe Prince, o setor continuou afetado pela “advocacia predatória” nas recuperações judiciais, bem como por compressão de margens, principalmente no mercado de soja e milho, concentrado em produtores do Centro-Oeste.
“Essa realidade se manteve”, afirmou.
Medeiro ressaltou, porém, que o BB não observou novos casos relevantes de recuperação judicial no agro e tem conseguido aplacar essa questão. Ela citou que o banco tinha 210 casos no terceiro trimestre e chegou ao quarto trimestre com 270. “Continuamos com trabalho muito forte de orientação”, afirmou.
“Nós vamos distribuir 100% dos recursos equalizados que foram destinados ao Banco do Brasil (no Plano Safra)..Na velocidade de desembolso que está acontecendo, (o banco) já prevê essa entrega”, afirmou.
O CFO também justificou o anúncio de um intervalo do payout entre 40% e 45%, aprovada pelo conselho de administração do BB, afirmando que o objetivo é dar flexibilidade à gestão do capital do banco, garantindo uma remuneração bastante atrativa para os investidores.
“Nossa intenção é chegar lá no fim do ano e conseguir chegar nos 45%”, afirma Prince.
Ao comentar os guidances do BB, a presidente-executiva afirmou que são uma “bússola”, mas que o banco buscará alcançar a ponta alta dos intervalos.
O BB também enxerga uma grande oportunidade para avançar no crédito consignado para o setor privado com os planos do governo de criar uma plataforma unificada no e-social para fortalecer as concessões de crédito com desconto em folha de pagamento para os trabalhadores com carteira assinada.
“Queremos crescer acima do mercado nessa frente”, diz a presidente do Banco do Brasil. “Você amplia esse mercado que hoje está muito restrito e basicamente na mão de Santander e Itaúâ¦isso para nós será uma oportunidade enorme” afirmou Tobias, destacando que o banco poderá levar a “expertise” de mais de 20 anos do banco no consignado ao setor público.
A presidente citou a redução do risco sistêmico, uma vez que haveria a migração de usuários do crédito pessoal para crédito consignado privado. A expectativa é de redução de inadimplência, que seria mais barata e mais adequada à capacidade de pagamento. “Eu acredito que, em um segundo semestre, teremos mais visão do que acontecerá nessas duas carteiras”, afirma a CEO.
Prince acrescentou que o banco já tinha planos de crescer no consignado privado, e essa possibilidade da plataforma elimina barreiras de entrada. Medeiros acrescentou que o banco terá uma ideia melhor sobre o volume que irá buscar nesse segmento no próximo trimestre.
Tobias reforçou que o foco na carteira de crédito para a pessoa física vai ser maior do que nos outros portfólios, acrescentando que o banco tem certeza de que crescerá nesse segmento, citando a oportunidade do consignado do e-social.
No guidance para 2025, o BB prevê uma expansão de 5,5% a 9,5% para sua carteira de crédito, que fechou 2024 com um crescimento de 11,7%. Para a pessoa física, calcula um avanço de 7% a 11%.
O BB considera que um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) na faixa dos 20% é “extremamente condizente” com a situação macroeconômica do Brasil, com a estrutura de balanço e os negócios em que o banco atua, de acordo com o vice-presidente de gestão financeira.
No quarto trimestre, o ROE caiu para 20,8%, de 21,1% no terceiro trimestre e 22,5% um ano antes. No ano, ficou em 21,4%.
“Nós não queremos o crescimento pelo crescimento apenas. Nós queremos um crescimento com qualidade, preservando essa rentabilidade, mas de uma maneira sustentável, porque senão é uma visão só de curto prazo”, acrescentou Tobias. Conforme acrescentou Prince, a faixa considerada ideal pelo banco é em torno de 20%, sem que haja a busca por números como 30% sem sustentabilidade.
(com Reuters)
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